Eu preciso que setembro comece com a promessa da rima das flores. Eu preciso, de novo, na dinâmica da vida, ver a primavera chegar, toda faceira, parecendo uma menininha serelepe como me disse Quintana.
Eu preciso me sentir em eco, mas não
Eu preciso rir das preocupações, ninar as angustias, vomitar com alívio as mínimas perturbações. Afinal, setembro chegou e eu preciso da primeira rosa que brotar, para assistir ao parto do cio do mundo.
Eu preciso de abraçar uma árvore como se fosse dia das Mães e eu fosse filha da Mãe Natureza. Eu preciso de ver um beija-flor beijar outro beija-flor só pra eu acreditar que além de redundante, a vida é alimentável de afetos.
Eu preciso ter meus olhos no céu, meus pés no chão e meu coração no horizonte, como quem sabe o que quer, como quem sabe o que não quer e como quem sabe querer. Preciso aprender mais com a natureza, sempre tão igual e irrepetível, a mesma Primavera é sempre outra e o sol que amanhece pontualmente todos os dias traz sempre novo calor.
Minhas roseirinhas miúdas e tímidas, já que eu não gosto de concorrência, estão ali no meu quintal, uma é branquinha feito a paz e outra vermelhinha que nem o amor, e eu me confesso a elas só para que quando os espinhos perfurem eu me sinta
O que eu mais tenho de aprender no meu setembro de todo dia é que uma planta se cativa aos poucos e se arranca numa dor só. Vou colocar um lembrete na geladeira: não esquecer de não cativar tudo de uma vez só; não esquecer muito menos de não arrancar de pouquinho. Ou todas as pétalas devolvidas, ou cada espinho retirado. Não combina com este céu de setembro a indecisão de uma planta seca e viva.
Samelly Xavier (texto inédito, favor respeitar direitos autorais)
4 Comments:
Quando entrar setembro
(Beto Guedes)
Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou
Juntos outra vez
Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar
Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
Que venha nos trazer
Sol de primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender
Aprender
Vc, como sempre, exprimindo meus sentimentos sem nem ter conversado comigo antes.
Esse téxto é uma bela metáfora para meu momento atual.
"Não combina com este céu de setembro a indecisão de uma planta seca e viva."
Beijos, lindona! Vai ser talentosa assim lá em Campina Grande!
"(...)acreditar que além de redundante, a vida é alimentável de afetos."
Eu preciso disso também.
Lindo!
ah, setembro...
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