sábado, 23 de abril de 2011

Ele (S)


(Cada vez mais digo menos para dizer mais.)

Ele me olhou hoje em meio aos meus segredos derramados na poeira e disse: não sei como você agüenta tanto papel. Tive vontade de lembrar-lhe que é mesmo muito papel para pouca mulher: às vezes sou cidadã, outras poetisa; há quem me queira menina, há quem me grite mulher; cansada de ser filha, com medo de ser mãe....

Ele me ouviu em meio a poeira do dia e disse: tiro o chapéu pra você! Só porque, filosofando, nos lembramos que eu sou da lua e só tem um jeito de colonizá-la: indo até ela. E se a lua for só um asteróide como todos já me disseram? Oras, o Pequeno Príncipe que não me deixe mentir: tanto faz, tanto faz, são tantas luas que Quintana me apresentou. Se eu chegar até a lua e a lua for a lua, quero que todos os que eu amo se deleitem comigo no cavalo de seu jorge; se a lua for mesmo só um asteróide, não me incomodo: foi tanto brilho de estrela que incorporei pra poder chegar até lá... É bom pular corda nas estrelas, apesar dos pesares...

Ele me abraçou, sem poeira, mas com alma, entre lágrimas indizíveis e me lembrou que eu sou eu, ele é ele e nós somos eles. No seu abraço-ninho relembrei verdades perdidas: passarinho que voa demais cansa; passarinho que fica parado faz um ninho. Ninho sem cansaço não tem sabor; cansaço sem ninho não justifica o vôo. Um dia um sábio passarinho há de conseguir voar e fazer ninho para a alegria geral da lua e suas comparsas estrelas.

A terceira pessoa do singular é tão única que me faz múltipla.


Samelly Xavier, simplesmente sendo ela...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

BALAIO DE COISAS

1. Eu estou sem tempo, mas o tempo não está sem mim. Ele continua meu parceiro mais entediantemente fascinante. Ele continua a me confirmar que eu sou e quem me são. Ele continua atemporal...

2. Amanhã, dia 02, às 15h, no Rancho do Cajo será o lançamento do livro SÉTIMO SENTIDO de Rafael Rubens. Não sei se gosto mais do título, não sei se gosto mais de ter feito a apresentação do livro, não sei se gosto mais do autor ou de ter poema pra mim dedicado lá. Em qualquer opção, desejo sucesso literário ao caro amigo.

3. Foi a coisa mais gostosa que aconteceu nos últimos tempos ter ministrado uma Oficina de Interpretação de Leitura do texto literário na FLIBO (Feira de Livros de Boqueirão). Como tive a oportunidade de dizer em público, eventos com caráter realmente mais artístico do que de preenchimento de ego falam por si só: crescem com humildade e sem exibição; faz ruído, mas não berra. Forte admiração à Mirtes e aos organizadores de lá. Uma festa ter tocado à mente de alguns jovens e professores da cidade.

4. Repito que o novo livro está pronto. Pronto no sentido de escrito. Falta todo o resto, mas aprendi com a pressa a não ter pressa. Em breve é tempo de sempre.

Beijo recitado,

Samelly Xavier