terça-feira, 20 de julho de 2010

NEM SÃO, NEM SANTOS

Sabe, hoje queria escrever coisas lindas. Lindas e singelas e simples, dessas que parecem ser brotadas da boca de uma criança com a sabedoria de um velhinho que só fez amar e sofrer na vida. Mas, (in)felizmente, hoje nem tenho tempo de brincar de roda feito a criança, nem de me balançar, recordando, na cadeira de lembranças como o velhinho.

Hoje é dia dos amigos e eu sei que é só mais uma data simbólica, mas ai de nós se não fossem os simbolismos do abraço lembrado. Aí passaríamos batidos pela vida e com nossa mania de viver pela metade, deixaríamos para depois o que se deve sentir desde cada terço de sempre.

Como hoje não vai dar pra escrever, vou me valer deste poema que publiquei no meu segundo livro. Tem umas rimas forçadas, mas a amizade é livre e libertária. Especialmente hoje vou dedicá-lo ao meu amigo Guilherme, mais conhecido como Gui. Porque a mensagem dele dizendo "Feliz dia do Amigo, Same" me acordou e ele é assim: discreto e certeiro. Porque ele fala pouco, mas sabe sentir muito. Porque ele é meu medidor de beleza. Interna, inclusive. E mesmo chato e trombudo, tem um sorriso que me acompanha há vários anos. E além de tudo, mesmo não comentando aqui no blog, é ele que me avisa quando as primeiras teias de aranha começam a aparecer.

Aos meus outros amigos amados, sem ciúmes, faz favor.



Meus amigos eu não os tenho

Eles me são emprestados pelos deuses

Em momentos como este

Em que prevalece o sentimento

Meus amigos eu não os conheço

Eu os percebo num olhar ou num aperto de mão

Que soe piegas, então!

Mas amizade não se mede fim nem começo

Meus amigos eu não os faço

Eles me fazem.

Conhecedores de meus choros

São sorrisos sempre tenazes

Meus amigos eu não os cumprimento

Eu os reverencio e eles a mim

E quando precisamos, dizemos sim

Para os abraços e alentos

Meus amigos eu não os vejo

Eu os vislumbro

Se estão felizes ou taciturnos

Eu saberei em meus anseios

Meus amigos eu não os conto

Eles me contam

E confessam o que aprontam

Às vezes, em silêncio de pranto.

Meus amigos eu não os chamo

Nos vimos uma vez por ano ou em horas marcadas

Conquistas são sempre comemoradas

Pela intrasitividade do “eu amo”

Meus amigos eu não os engrandeço

Eles são neuróticos, problemáticos

Cheios de vida, nunca apáticos

São meio “eu” ou como mereço

Meus amigos nem são meus

São do acaso, do ocaso

São casos de amor para a vida inteira

São apenas brincadeira

Da criança que por ventura, perpetua

Samelly Xavier (no livro Universo - o verso une, RG Editora, 2005.

FAVOR RESPEITAR DIREITOS AUTORAIS)



6 Comments:

Flaw Mendes said...

Então vamos lá! feliz dia do Amigo!!!

Anônimo said...

Sinto-me comtemplado entre "os outros amigos amados".

Beijo

Sidney Andrade said...

Hêeh, eu tbm tava sem jeito pra escrever e republiquei aquele texto que eu falo de tds os meus amigos e que você adora o final! Já viu?
Feliz dia do amigo, poliamor (não vou dizer "atrasado" porque hoje e tdo dia eu também comemoro ter sua amizade).
Beijo.

Guilherme said...

Eu comento :D

André said...

Depois de anos aqui estou eu comentando. Xerão totosa!

Rousiane said...

"mas ai de nós se não fossem os simbolismos do abraço lembrado"

Ai de nós!!!
Eu voltando a comentar só pra desejar:
FELIZ DIA DO AMIGO SAME!!

Beijos ruivos meus.