Luz
Para Marcelão
Primeiro, faíscas. Pequeninas. Distantes. Quase imperceptíveis. Similar àqueles fogos de São João aproveitados pelos pequenos. Brilho artificial, porém existente. Iluminação simplória.
Depois labaredas. Fortes, unidas, seguras, certeiras. Agora sim, brilho real. Aqui, o que reluz é ouro. Incêndio desvairado, por ventura, sem explicação. Brasa que carece ser passada de mão em mão, de olho
Por fim, restam-nos cinzas. Supostamente apagadas, queimam. E como queimam! Queimam com a experiência de quem um dia foi fogueira, de quem souber brilhar. É um afogo dos deuses, parecido com aquele que Zeus mandara certa vez em forma de trovão para vislumbração humana.
Todo texto é uma luz. Que é chama. Que chama. A princípio em formas de palavras soltas, vulgares, sem qualquer originalidade. Puro artificialismo. Porém, mesmo em néon, floresce. Fraternizando-se entre si, formam verdadeira combustão. É nessa hora que papel vira lenha, e lápis, querosene. Só assim para o vento propagar seu cheiro (significado, razão) por caminhos inimagináveis, para pessoas pré-históricas que desconhecem o fogo. Assim, a cada nova idéia esquentada na escrita, ressurge o mesmo espanto das cavernas e as mesmas sombras de Platão, pois apenas onde há luz, há sombra.
Caso haja (eu sei que há) cinzas, estas são os conhecimentos ultrapassados, contudo que ainda servem de alicerce para novo brilhar.
Escrever é iluminar. É incandescer visões e quase como no bíblico momento de Paulo de Tarso, cegar para poder enxergar, de verdade.
Quem sabe até não seja mesmo, a palavra escrita minha nave inter-galaxiar por onde viajo e percebo luz de estrelas que estão a anos-luz do que eu mesma possa compreender. Provavelmente, em outros anos, luzes se, me, nos descobrirão.
Samelly Xavier (no livro Universo: O verso une)
Aproveito a oportunidade para falar rapidinho do lançamento do livro de Thiaguito (mais conhecido como Thiago Lia Fook). Embora tendo chegado atrasada e só recitado um poemeto, foi muito feliz vê-lo em seu novo projeto, ainda mais ao lado de Flaw e Hélder. Tríade adorável! Para saber mais sobre o livro, acessem o blog dele: http://arriscos.blog.terra.com.br/
1 Comment:
Samelly!! Agradeço a gentileza da referência. Você não recitou só um poema; na verdade, você abrilhantou o lançamento e deu relevo ao meu poemeto com a récita! Valeu!
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