terça-feira, 22 de setembro de 2009

SEM TEMPO




Ando sem tempo para escrever. E escrevo feito eu andasse pelo tempo. Gosto de me divertir com o Tempo. Pulo nele e Ele gira comigo. Pisco os olhares e quando menos percebo o Tempo já é outro, senhor sério e carrancudo.
Queria que ele não existisse pra que continuasse sendo o que sempre nunca fui. Seria bem bom se o esconde-esconde infantil não se deixasse virar o mostra-mostra dos adultos.
Não estou cansada, mas a falta de tempo me incomoda. As faltas me incomodam. Eu gosto é dos excessos. Gosto de me encharcar de poesia nas tardes de terça matinal. Mas o tempo não deixa e, embora eu o ponha de castigo, sou eu quem fico num canto pensando sobre o que já fiz.
Este texto não é uma satisfação, nem é dos mais generosos - em tamanho ou sentimento. Ele é um leve pensamento agressivo que eu fiz questão de transformar em letra pra acalmar a alma.
Queria mais tempo para dizer o que suspeito ter se escondido por trás do bico do meu seio; mas deixa o silêncio de uma noite bem dormida me falar mais do que meus dedos... De vez em quando é bom assumir outros papéis: esconder a gasguita e revelar uma boca cheia de sorrisos misteriosos...

Samelly Xavier, sem tempo e atemporal

1 Comment:

Marina Lima said...

Parabéns !
Seus textos são realmente muito bons.
Sempre que posso passo por aqui, leio um pouquinho....
Questão de tempo.
Parabéns mesmo !!!!