Hoje é dia dos amigos e eu sei que é só mais uma data simbólica, mas ai de nós se não fossem os simbolismos do abraço lembrado. Aí passaríamos batidos pela vida e com nossa mania de viver pela metade, deixaríamos para depois o que se deve sentir desde cada terço de sempre.
Como hoje não vai dar pra escrever, vou me valer deste poema que publiquei no meu segundo livro. Tem umas rimas forçadas, mas a amizade é livre e libertária. Especialmente hoje vou dedicá-lo ao meu amigo Guilherme, mais conhecido como Gui. Porque a mensagem dele dizendo "Feliz dia do Amigo, Same" me acordou e ele é assim: discreto e certeiro. Porque ele fala pouco, mas sabe sentir muito. Porque ele é meu medidor de beleza. Interna, inclusive. E mesmo chato e trombudo, tem um sorriso que me acompanha há vários anos. E além de tudo, mesmo não comentando aqui no blog, é ele que me avisa quando as primeiras teias de aranha começam a aparecer.
Aos meus outros amigos amados, sem ciúmes, faz favor.
Eles me são emprestados pelos deuses
Em momentos como este
Em que prevalece o sentimento
Meus amigos eu não os conheço
Eu os percebo num olhar ou num aperto de mão
Que soe piegas, então!
Mas amizade não se mede fim nem começo
Meus amigos eu não os faço
Eles me fazem.
Conhecedores de meus choros
São sorrisos sempre tenazes
Meus amigos eu não os cumprimento
Eu os reverencio e eles a mim
E quando precisamos, dizemos sim
Para os abraços e alentos
Meus amigos eu não os vejo
Eu os vislumbro
Se estão felizes ou taciturnos
Eu saberei em meus anseios
Meus amigos eu não os conto
Eles me contam
E confessam o que aprontam
Às vezes, em silêncio de pranto.
Meus amigos eu não os chamo
Nos vimos uma vez por ano ou em horas marcadas
Conquistas são sempre comemoradas
Pela intrasitividade do “eu amo”
Meus amigos eu não os engrandeço
Eles são neuróticos, problemáticos
Cheios de vida, nunca apáticos
São meio “eu” ou como mereço
Meus amigos nem são meus
São do acaso, do ocaso
São casos de amor para a vida inteira
São apenas brincadeira
Da criança que por ventura, perpetua
Samelly Xavier (no livro Universo - o verso une, RG Editora, 2005.
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